Com os ataques do Hamas a Israel nos últimos dias, me vi obrigado a escrever sobre a importância da defesa do estado livre e democrático de Israel como contraponto a uma série de postagens e imagens na imprensa de defensores dos terroristas jihadistas do Hamas. Fiquei impressionado com a desinformação a respeito da questão oriental e venho aqui trazer de volta algo que já tinha escrito e publicado nos veículos de mídia do Jornal do Commercio. A obrigação que todo democrata de verdade tem de defender Israel, os judeus e toda a nossa cultura ociental.
Por que defender o estado de Israel é importante?
Defender Israel, além de ser a favor do povo judeu em seu direito a um território nacional, é defender o mundo ocidental e suas instituições: democracia, estado liberal, instituições como as constituições balizadoras dos direitos civis, políticos e sociais. Israel foi um dos grandes resultados do pós- Segunda Guerra, foi a resposta ao holocausto, as atrocidades de Hitler e de seu séquito e ao antissemitismo. Foi a introdução dos valores mais caros de nosso mundo contemporâneo: liberdade e democracia, no Oriente Médio. Já para o mundo árabe, foi uma ameaça aos seus valores nada afeitos ao Ocidente.
Nas palavras de Henry Kissinger, grande diplomata e ex-secretário de Estado dos Estados Unidos: “poucos assuntos internacionais têm gerado interesse tão intenso nos Estados Unidos ou demandado tanta atenção de presidentes norte-americanos” como é a questão oriental (KISSINGER, Henry. 2014. Ordem Mundial. Ed. Objetiva. Rio de Janeiro. P. 133). A questão palestina é grave e requer frieza na análise. Muitos de meus colegas, de intelectuais de esquerda, de artistas “engajados” e de analistas internacionais de grandes veículos de imprensa tendem a ser contrários ao estado de Israel. Além de um antissemitismo “velado”, por assim dizer, esses indivíduos colocam em risco o que é de mais valorativo no mundo ocidental: a liberdade. As abordagens desse pessoal levam em conta certo “vitimismo” de povos submetidos ao arbítrio de Israel. Quando, na realidade, o que de fato acontece está longe dos olhos desses progressistas de plantão.
Para o mundo árabe a simples existência de um estado judeu é vista como humilhação. Grupos violentos que dominam territórios na Palestina, como o Hezbollah e o Hamas, são adeptos da Jihad que é a “guerra santa” na qual o extermínio de judeus, cristãos e do modus vivendi ocidental é o seu principal objetivo.
Para nós ocidentais, simplesmente terrorismo. A Jihad nada mais é do que um dever religioso para pôr fim ao que é em geral denunciado por esses grupos como invasão sionista. Os aiatolás iranianos, por exemplo, desafiam regularmente a própria existência de Israel. Não tem meio termo ou diplomacia, o que os fundamentalisas islâmicos do Irã, do Egito, da Palestina querem já sabemos, o fim de Israel e do povo judeu. Isso está se alastrando agora de forma violenta com os ataques terroristas do Hamas.
O Hamas é um grupo terrorista e como tal não respeita tratados internacionais e regras de guerra entre nações. Não respeita o próprio conceito de nação, já que não existe para eles nenhuma noção de Estado-Nação nos moldes da discussão ocidental de mecanismos de freios e contrapesos, parlamento representativo da sociedade, dos eleitores, de partidos políticos com diversidade ideológica e cultura e, sobretudo, tolerância a divergências de opinião.
Aqueles que buscaram um equilíbrio de força em tratados de paz internacionais, como o egípcio Anwar al-Sadat e o israelense Yitzhak Rabin, foram assassinados por grupos terroristas ao tentar convergir os interesses políticos, como se tivessem se relacionando dentro de territórios nos quais a maioria absorveu os nossos valores de liberdade e de democracia em bases institucionais seculares no mundo ocidental, como: os parlamentos, os partidos políticos, a oposição, judiciário independente, diplomacia etc. Ledo engano! O Hamas e seus congêneres não toleram nada que tenha sido criado no Ocidente, suas religiões, filosofia, cultura e, sobretudo, a noção de liberdade encravada na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.
O que prevalece no Oriente-Médio são ditaduras ou pseudodemocracias nas quais não existem eleições livres e limpas e as suas elites políticas não jogam o jogo das regras democráticas já consolidadas no mundo ocidental, sobretudo na Europa e na América do Norte. Israel é um oásis em um deserto de tirania, violência e terrorismo. É também um ponto estratégico de constrangimento às agressões orientais, que não se limitam apenas a Israel (lembrar do 11 de setembro de 2001 é sempre pedagógico).
O receio que se tem é que esses grupos terroristas venham a investir no mundo ocidental, na Europa, nas Américas em todo o mundo, pois os judeus fazem parte de toda a cultura ocidental.
O Hamas hoje lidera a faixa de Gaza, estreito territorial estratégico para a segurança de Israel e para as agressões dos jihadistas. Israel é um verdadeiro estado territorial cercado de inimigos por todos os lados.
O Hamas é um grupo terrorista que domina as relações entre os palestinos e Israel: um grupo hegemônico que busca destruir Israel pela confrontação permanente e com a ajuda de países inimigos do Ocidente historicamente. Esse grupo é totalmente antissemita e anti-ocidental, ou seja, o seu objetivo não é somente acabar com Israel, mas acabar com toda a nossa tradição liberal e democrata. Permitir o alargamento de seu domínio é ameaçar os valores e as instituições do Ocidente.
Ferramentas ocidentais como o conceito de “equilíbrio de poder” e de tratados de paz não são reconhecidas por grupos de terroristas assassinos.
Por mais que apareçam “líderes” palestinos dispostos a busca desse equilíbrio formatado em pseudos acordos de paz, essas lideranças não estão sustentadas nos sustentáculos de instituições como as do Ocidente. Grupos terroristas não reconhecem a legitimidade de chefe de estado em democracias.
Enquanto existirem forças como o Hamas e o Hezbollah, não há outra solução para Israel e para o mundo ocidental: força de defesa e de ataque!
Não existe outra saída sustentável para o mundo ocidental a não ser apoiar Israel e se esforçar no máximo que for para garantir a sua integridade e hegemonia naquela inóspita região. E está aí o porquê da minha defesa intransigente ao estado judeu. É a minha defesa intransigente ao futuro dos meus filhos e netos.
José Maria Nóbrega – Doutor em Ciência Política pela UFPE, Professor Associado da UFCG
